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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Infância Perdida


Um dia eu caminhava pela rua, envolvido na minha correria diária e, de relance, notei que alguém me acompanhava. Eu olhei umas duas vezes para trás e percebi que era alguém pequeno e frágil, mas não me era possível saber o que era na realidade aquela figura. Pasmo eu segui meu caminho: “tenho hora pra chegar no trampo”. E fui, ignorando aquela figura. Porém ainda que eu “apertasse o passo” aquela figurinha me acompanhava e, parecia que não desistiria tão cedo.
Decidi então parar e dar atenção a seja lá quem ou o que aquilo fosse. Diante dos meus olhos aquela sombra tomava formas de uma criança, uma criança bem familiar, que parecia triste.
Eu tentei alguma forma de diálogo mas a figurinha me interrompeu com uma frase curta e objetiva: “Você me abandonou”.
O choque daquelas palavras me fez despertar para a realidade ao meu redor. Era a minha infância, era eu aquela figurinha. Minha infância havia voltado e estava cobrando espaço na minha vida corrida e desajeitada.
Logo imaginei o pavor daquela criança. Eu tinha abandonado os meus brinquedos, eu tinha deixado de lado o carinho dos meus pais, eu agora era alguém frio e insensível que vivia mascarado, tentando agradar pessoas que me faziam mal, só porque essas pessoas tinham poder, de alguma forma, sobre mim.
Aquela criança estava morta dentro de mim, tinha se perdido no vazio da vida que eu levava agora.
O Papai do Céu deixara de existir, o Papai Noel havia se esvaído, e até meu próprio pai tinha perdido o seu lugarzinho especial em meu coração.
Aquela criança parecia querer apenas mais uma oportunidade de tomar a benção da vó e do vô. Ou de ser sincero dizendo que não gostava das pessoas que a maltratavam, mostrando que o amor é algo puro e se conquista com carinho e não interesses.
De fato essa infância ainda grita no interior de muitas pessoas. É um grito abafado por conta da realidade em que nos encontramos, mas é um grito que ainda ecoa quando você observa crianças se divertindo sem ter nada com que se preocupar. É um grito que só não explode porque criança é assim, um ser tão especial a ponto de entender a humanidade e seus mais variados tipos de viver insanamente.
Que um dia eu ainda aprenda a ouvir esse grito!!
Salve as crianças!!
Johnata Augusto Rodrigues Amado de Carvalho

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