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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ensino Religioso nas escolas (parte II)



Entrevista com Fabiana Almeida, Abiah do Camdomblé Keto

Tempo- 4 minutos e 37 segundos

7° Fabiana Almeida: Johnata: Dando continuidade então aqui na nossa entrevista, na nossa reportagem sobre o Ensino Religioso nas escolas, a gente também tem aquelas matérias que não estão inseridas no plano de ensino da disciplina Ensino Religioso. Uma delas é o candomblé. Sobre isso eu converso agora com a Fabiana Almeida que é Abian do candomblé Keto. Fabiana, qual é o seu ponto de vista sobre essa situação do plano de ensino das escolas, do Ensino Religioso, coisa que é passado para as crianças não está inserido uma religião como a do Candomblé?
Fabiana: Bom, ao meu ver, eu acredito que tanto interfere, quanto também ajuda, porque a expectativa do candomblé, na verdade, não é procurar alunos. Isso já nasce com a pessoa, isso já tem um dom ou não. Porém o ensinamento seria interessante pelo fato de preconceito. Porque o candomblé é uma das religiões, seitas, como muitos chamam, que tem mais o preconceito. Primeiro por ser africano. E segundo pelos próprios rituais, que muita das vezes são agressivos aos olhos das pessoas leigas que não entendem e começam a criticar e automaticamente isso gera o preconceito e gera a indignação da gente que, tanto prega o bem, como muitos que pregam o mal, como em qualquer religião, como em qualquer seita. Isso vai muito da índole da pessoa, do caráter da pessoa. Falar do candomblé é uma coisa, ensinar é outra. Até para a gente que está como filha nova, ou já seja “raspado”, passa por certos tipos de preceitos, é proibido algum tipo de informação. Porém o esclarecimento da religião em si, seria necessário para, aflorar também curiosidade nas pessoas, porque o que é dito, nem sempre é verdade, então seria passado o básico e os rituais, fica a critério de quem quer buscar a religião como uma opção de evolução.
Johnata: E diante da educação? Bom o candomblé diante da educação? Igual, o Ensino Religioso tem o intuito de educar, de instruir as crianças, ou até mesmo os adolescentes, porque é o ensino fundamental e o ensino médio que contam com essa disciplina. Diante da educação, qual é a posição do candomblé, nessa questão?
Fabiana: Disciplina! Você falou tudo. O próprio candomblé é uma disciplina exemplar, porque tudo eu tenho que ter respeito, tudo eu tenho que ter limite. Eu tenho que saber a hora de perguntar, eu tenho que saber a hora de fazer, eu tenho uma metodologia de trabalhar, eu tenho uma forma exata de, muita das vezes, pedir permissão. Então isso passa a ser visto, pelo menos por mim, como uma grande disciplina. Eu não posso fazer nada sem uma permissão, como se fosse um exército. Eu to lá para servir. Não servir ao meu pai de santo, não servir os meus irmãos, mas sim servir os orixás, as entidades e todos que necessitarem como caridades. Se eu tiver que trabalhar. E isso tudo gera uma disciplina. Imagina eu dar uma consulta, tendo bebido, tendo fumado a noite inteira. Então a gente priva, literalmente, o preceito que seria um tempo sem estar no  mundo, como diz alguns evangélicos, para você melhor entender, e com isso você priva disciplina, sempre disciplina. A caridade não deixa de ser uma disciplina.
Johnata: Então seria interessante incluir o candomblé e, também, as demais religiões afro-brasileiras nesse plano de ensino do Ensino Religioso?
Fabiana: Sim. Culturalmente falando, sim. Como eu disse anteriormente a cultura da religião é muito bonita. Você buscar o fundamento, você buscar toda informação da religião, seja ela qual for, sempre tem um respeito, até mesmo porque vai variando de nação,vai variando de pai de santo. Então o interessante seria a busca e a abertura da mente das crianças, porque, ver uma galinha morta da encruza, na encruzilhada que a gente diz e fala: “Nossa ta fazendo o mal”. Nem sempre. Isso é uma alimentação, de repente para alguma entidade, algum trabalho feito...né...num cabe dizer no momento. Porém as pessoas tem que conhecer um pouco para depois poder falar. Mesma coisa ver uma imagem de Cristo  pregado na cruz sangrando. Então é uma imagem que não choca. Porque que uma galinha morta na encruza choca? Então isso é um preconceito cultural.
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Entrevista com o pastor Gerson Costa, ministro da Igreja Metodista Wesleyana.

Tempo- 4 minutos e 5 segundos

5° Pastor Gerson- Johnata: Bom e agora aqui comigo para falar sobre esse tema do Ensino Religioso nas Escolas, eu tenho o pastor Gerson Costa, que é ministro da Igreja Metodista Wesleyana. Pastor, primeiramente eu queria saber do senhor se, esse tema na sua opinião, é válido na instrução de jovens para o futuro numa formação pessoal e numa formação profissional?
Pastor: Olha, o Ensino Religioso nas escolas já existe há muitos anos, mas era mais direcionado a instrução, mais o ensino para o católico. De uns tempos pra cá, foi introduzido o Ensino Religioso, englobando todas as demais religiões. Por exemplo, no estado do Rio, já há, a alguns anos, o ensino direcionado aos alunos evangélicos e hoje, a extensão é para todas as religiões. Eu acho que é muito importante cada aluno, ao iniciar o seus estudos, tenha a instrução e o conhecimento da vida religiosa.
Johnata: E em questão de ser ecumênico, como o senhor vê isso? Porque tem culturas (religiões, seitas, etc.) que não entram na pauta de ensino dessa matéria, e como o senhor vê isso também na questão da diversidade cultural do Brasil?
Pastor: Eu acredito que o Ensino Religioso, ele abrange no todo da religião, seja ela o catolicismo, os evangélicos que, se chama na antiguidade o protestantismo, que por sinal estamos comemorando através de um culto, a Reforma Protestante. E eu acho que é muito válido, e eu acho que é muito importante, e com respeito ao Ensino Religioso, porque quando falamos em Ensino Religioso não é passar só a religião, é também levar uma instrução bíblica do conhecimento da Bíblia que, a muitos anos atrás era até proibido ler bíblia. Eu até fico feliz hoje de quando entra o Ensino Religioso oficializado, porque não é só o conhecimento da história de uma religião, mas também o conhecimento da história bíblica, aprendendo também o conhecimento de Deus.
Johnata: É verdade! E agora só pra finalizar, a gente sabe que o curso de teologia superior, ele não tem reconhecimento do Ministério da Educação ainda. E para exercer o magistério, numa escola por exemplo, tem um acordo separado na questão financeira dos professores. No futuro o senhor acredita que vai ter também, no Ensino Religioso, uma matéria mais oficializada, com os professores devidamente remunerados?
Pastor: Olha eu acredito, mas quando se tange ao Ensino Religioso, eu sou favorável que seja sem remuneração. Seria o tempo, porque como o professor, é o magistério, é o sacerdócio, o ministério da palavra de Deus ou do Ensino Religioso, ele torna também um sacerdócio, uma dedicação voluntária e tempo, você sabe, ninguém tem tempo, mas todos podemos tirar um tempo para ajudar pessoas. Então eu sou daqueles ministros-pastores que acham que tudo deve ser servir, e não pensar em termos de professor de Religião e, além da teologia, bem dissestes você, não reconhecida ainda legalmente por lei, como também até na área jornalística.O jornalista que passava por uma faculdade estava com um reconhecimento especial.Hoje acabou tudo né, hoje eu sou jornalista militante que não passei por uma faculdade, então eu tenho a mesma  ação que alguém que passou pela faculdade. Então eu acho que como religioso, tem alguns cursos de capelania para hospitais, outras áreas, e temos até cursos para preparar professores de aula de religião, ta tudo organizado. 

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