Ultimamente
tenho visto muitas pessoas que preencheram minha vida de forma significante ir
embora. Também cumprindo com a minha obrigação diária de informar, tenho visto
muitas vidas ceifadas pela violência, pelos acidentes de trânsito, pelo acaso
do mistério divino. Diante de tanta perda, diante de tanta partida, não me
admirei muito com a minha nova percepção sobre a vida, ou talvez, sobre a
morte. Reconhecer que a morte é, de acordo com alguns princípios, um
renascimento para uma vida de luz e espiritualidade eterna, é algo que parece
confortar os corações que ficam na Terra lamentando essa perda. Mas a questão
é: como seria a morte na ótica de Deus? Como Ele ver a morte?
Bom!
Dizer o que Deus acha sobre a desencarnação dos homens, é algo ousado. Mas prefiro
arriscar e expor a minha visão. E para isso começo citando uma frase do
escritor americano Richard Bach, que nesse mês viu a morte de perto após um
acidente de avião. Richard uma vez disse que “aquilo a que a lagarta chama de
fim do mundo, o homem chama borboleta”. Através dessa frase o escritor expõe a
sua visão sobre a morte. Para ele morrer é uma maneira de alcançar uma vida
mais bonita e livre. Assim como a lagarta se livra do peso de seu corpo que se
arrasta sobre a terra e as vegetações quando cria asas e vira borboleta, o
homem também o faz ao se deparar com a morte. É o sublime momento em que a
liberdade chega e as preocupações e aflições se vão.
Na
Biblia há várias passagens sobre a morte. Podemos encontrar, por exemplo, em 1
Coríntios 15:21 o seguinte dizer “porque, assim como por um homem veio a morte,
também por um homem veio a ressurreição dos mortos”. Sendo assim meus amigos,
temos na pessoa de Adão e Eva o ser humano representando a morte, através do
pecado, da desobediência. E na pessoa de Jesus o Bom Pastor, incumbido da
missão de guiar as ovelhas (homens) para a vida eterna, através de seu
sacrifício, morte e ressurreição.
Contudo,
mesmo vendo sob essa ótica, ainda o vazio e os questionamentos permanecem.
Sobretudo hoje em dia, quando as pessoas perderam o brilho da religiosidade em
suas vidas. As pressões do mundo atual arrancam do peito do Homem a presença de
Deus. Na correria diária temos muito pouco tempo para meditar sobre a
existência de cada um de nós na Terra. Digo isso porque também sou assim. O
medo do fracasso, a vontade de crescer profissional e financeiramente, o desejo
de garantir o pão de cada dia e o conforto, nos faz competir com o nosso tempo
e com o nosso semelhante. E assim deixamos de lado a visão de que em breve a morte
nos arrancará dos braços da Terra e nos levará, sozinhos e sem nada, para uma
vida desconhecida. Mas o interessante é
que essa nossa visão só vem quando estamos diante da perda de alguém. Sobretudo
de algum ente querido.
Esse
ano eu vi jovens assassinados. Pessoas com a mesma idade que a minha, sangrando
na terra, agonizando e perdendo o brilho dos olhos. O que esses jovens fizeram
para merecer uma morte tão rápida e violenta, não vem ao caso. O que eu vi além
de motivos, foi como eles desejavam uma segunda oportunidade de viver. E, a
partir daí, fica claro que nem todos estão preparados para esse encontro com o
destino fatal. Também vi pai de família sair para o trabalho e não retornar
mais, depois de uma fatalidade, como é o caso dos acidentes de trânsito. Com
certeza aquele corpo sem vida no asfalto da rodovia desejava mais uma noite em
casa, com sua família.
Então
meus amigos tudo isso nos serve para meditar sobre o real significado da vida.
Será mesmo que vivemos bem nesse mundo de competição? Será que a vida é apenas
esse celeiro de homens e mulheres buscando uma posição de destaque e uma maneira de ser superior? Será que a
beleza das coisas de Deus só nos importam após cruzarmos a linha da morte?
Com
esses questionamentos eu termino esse meu texto. Não tenho e creio que poucos tem a capacidade de
orientar os homens para uma reflexão mais aprimorada sobre a vida. Os rabiscos
dessa crônica foram apenas uma maneira que encontrei de provar para mim mesmo
que estou errado quando deixo a ambição e a vaidade me subir a cabeça. Nesse
texto eu também quis provar para mim mesmo que ser melhor que os outros, em
algum ponto de minha vida profissional, não me faz mais humano e superior a
ninguém. E por fim, nesse texto eu pude parar e
me questionar: Será mesmo que estou pronto para a morte? Ou será que a
melhor pergunta seria: Será mesmo que estou pronto para a vida?
(Johnata Augusto Amado)
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