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sábado, 29 de setembro de 2012

Crônica: Será que estamos preparados para a vida?







Ultimamente tenho visto muitas pessoas que preencheram minha vida de forma significante ir embora. Também cumprindo com a minha obrigação diária de informar, tenho visto muitas vidas ceifadas pela violência, pelos acidentes de trânsito, pelo acaso do mistério divino. Diante de tanta perda, diante de tanta partida, não me admirei muito com a minha nova percepção sobre a vida, ou talvez, sobre a morte. Reconhecer que a morte é, de acordo com alguns princípios, um renascimento para uma vida de luz e espiritualidade eterna, é algo que parece confortar os corações que ficam na Terra lamentando essa perda. Mas a questão é: como seria a morte na ótica de Deus? Como Ele ver a morte?
Bom! Dizer o que Deus acha sobre a desencarnação dos homens, é algo ousado. Mas prefiro arriscar e expor a minha visão. E para isso começo citando uma frase do escritor americano Richard Bach, que nesse mês viu a morte de perto após um acidente de avião. Richard uma vez disse que “aquilo a que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama borboleta”. Através dessa frase o escritor expõe a sua visão sobre a morte. Para ele morrer é uma maneira de alcançar uma vida mais bonita e livre. Assim como a lagarta se livra do peso de seu corpo que se arrasta sobre a terra e as vegetações quando cria asas e vira borboleta, o homem também o faz ao se deparar com a morte. É o sublime momento em que a liberdade chega e as preocupações e aflições se vão.
Na Biblia há várias passagens sobre a morte. Podemos encontrar, por exemplo, em 1 Coríntios 15:21 o seguinte dizer “porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos”. Sendo assim meus amigos, temos na pessoa de Adão e Eva o ser humano representando a morte, através do pecado, da desobediência. E na pessoa de Jesus o Bom Pastor, incumbido da missão de guiar as ovelhas (homens) para a vida eterna, através de seu sacrifício, morte e ressurreição.
Contudo, mesmo vendo sob essa ótica, ainda o vazio e os questionamentos permanecem. Sobretudo hoje em dia, quando as pessoas perderam o brilho da religiosidade em suas vidas. As pressões do mundo atual arrancam do peito do Homem a presença de Deus. Na correria diária temos muito pouco tempo para meditar sobre a existência de cada um de nós na Terra. Digo isso porque também sou assim. O medo do fracasso, a vontade de crescer profissional e financeiramente, o desejo de garantir o pão de cada dia e o conforto, nos faz competir com o nosso tempo e com o nosso semelhante. E assim deixamos de lado a visão de que em breve a morte nos arrancará dos braços da Terra e nos levará, sozinhos e sem nada, para uma vida desconhecida.  Mas o interessante é que essa nossa visão só vem quando estamos diante da perda de alguém. Sobretudo de algum ente querido.
Esse ano eu vi jovens assassinados. Pessoas com a mesma idade que a minha, sangrando na terra, agonizando e perdendo o brilho dos olhos. O que esses jovens fizeram para merecer uma morte tão rápida e violenta, não vem ao caso. O que eu vi além de motivos, foi como eles desejavam uma segunda oportunidade de viver. E, a partir daí, fica claro que nem todos estão preparados para esse encontro com o destino fatal. Também vi pai de família sair para o trabalho e não retornar mais, depois de uma fatalidade, como é o caso dos acidentes de trânsito. Com certeza aquele corpo sem vida no asfalto da rodovia desejava mais uma noite em casa, com sua família.
Então meus amigos tudo isso nos serve para meditar sobre o real significado da vida. Será mesmo que vivemos bem nesse mundo de competição? Será que a vida é apenas esse celeiro de homens e mulheres buscando uma posição de destaque  e uma maneira de ser superior? Será que a beleza das coisas de Deus só nos importam  após cruzarmos a linha da morte?
Com esses questionamentos eu termino esse meu texto. Não tenho  e creio que poucos tem a capacidade de orientar os homens para uma reflexão mais aprimorada sobre a vida. Os rabiscos dessa crônica foram apenas uma maneira que encontrei de provar para mim mesmo que estou errado quando deixo a ambição e a vaidade me subir a cabeça. Nesse texto eu também quis provar para mim mesmo que ser melhor que os outros, em algum ponto de minha vida profissional, não me faz mais humano e superior a ninguém. E por fim, nesse texto eu pude parar e  me questionar: Será mesmo que estou pronto para a morte? Ou será que a melhor pergunta seria: Será mesmo que estou pronto para a vida?
(Johnata Augusto Amado)

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