Um
dado preocupante: o número real de assassinatos no Brasil é bem maior que o
número oficial. Segundo uma pesquisa que o Fantástico apresenta com
exclusividade, cerca 8,6 mil homicídios cometidos todos os anos no país não
entram nas estatísticas. Mais de 50 mil pessoas são assassinadas por ano no
Brasil. Cada caso vira uma declaração de óbito. Um inquérito policial. Entra
para estatísticas de violência. É destaque nos jornais. Ganha um número que vai
parar nos gabinetes dos governantes.De 1996 a 2010, quase 130 mil homicídios no
Brasil não entraram nas estatísticas de mortes violentas. Isso é quase a
população de Copacabana, um dos maiores bairros do Rio de Janeiro. É como se as
pessoas que moram lá, num espaço de 15 anos, desaparecessem pra sempre sem que
ninguém se desse conta. Quem fez essa descoberta foi o pesquisador Daniel
Cerqueira, do IPEA, Instituto de
Pesquisas Aplicadas, do governo federal. Chamaram a atenção dele os índices de
mortes por causas indeterminadas que aparecem no Datasus, a estatística criada
pelo Ministério da Saúde. “Nós verificamos que, nos últimos 15 anos, cerca de
175 mil pessoas no Brasil foram mortas de forma violenta e o estado não
conseguiu dizer qual foi a causa. A gente queria então investigar, entender porque
essas pessoas morreram”, conta Daniel Cerqueira. Ele cruzou dados e pesquisou
caso a caso. “A conclusão é que 74% dessas mortes violentas indeterminadas se
tratavam, na verdade, de homicídios. Ou seja: o que nós estamos dizendo é que a
taxa de homicídios no Brasil é cerca de 18,6% maior do que aquela registrada
oficialmente hoje”, explica Daniel. Isso significa que as estatísticas de
homicídios deixam de registrar 8,6 mil assassinatos por ano. Para o pesquisador
Daniel Cerqueira, o problema é provocado pela falta de comunicação entre a
polícia e as secretarias de saúde que alimentam o banco de dados do governo
federal. “Os bancos de dados da polícia estarem conectados com o banco de dados
do IML, conectado com o banco de dados da Secretaria de Saúde. Eu acho que a
gente conseguiria dar mais agilidade a esse processo”, afirma Daniel Cerqueira.
Em nota, o Ministério da Saúde apenas informou que está investindo na melhora
do sistema de notificação, coleta e análise de dados. E informou ainda que de
2000 a 2011 o número de mortes por causas indeterminadas caiu de 10 para 7%.
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