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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

SCHWARZENEGGER ESTÁ DE VOLTA!!

Pensa só: depois de já ter conseguido um pouco de tudo o que quis na vida, do que mais você precisa? Se o objetivo era físico, você se tornou Mister Olympia com 23 anos, e repetiu o feito outras seis vezes. Se o desejo era ser reconhecido nas artes, antes dos 40 já era um dos atores mais bem pagos de Hollywood, com um sucesso atrás do outro, apesar de não ser americano de nascença e falar um inglês joelsantânico. Como se não bastasse, você ainda teve aspiração política. Filiou-se ao Partido Republicano e foi eleito, aos 56, governador de um estado que, há duas décadas, é majoritariamente democrata. Poucos anos mais tarde, acabou reeleito, com mais votos do que na primeira disputa. Você também se casou com uma Kennedy, teve filhos, amantes e lançou uma biografia.

Se você for uma pessoa comum, provavelmente já basta, é hora de curtir a aposentadoria. Mas, se você for Arnold Schwarzenegger, não.
— Eu sempre aceito correr riscos. Nunca virei as costas para algum desafio só porque ele parecia impossível. Eu enfrento o que tenho que enfrentar, mesmo sabendo que posso perder ou fracassar. Mas nunca tive medo do fracasso — diz Schwarzenegger, num tom de discurso político, em entrevista num hotel de Beverly Hills, Los Angeles. — Essa coisa de encarar desafios vem comigo da minha história no esporte. Se você quer levantar 200 quilos, precisa tentar e fracassar várias vezes até conseguir. É um ensinamento que vale para qualquer situação, até na política. Em 2004, quando era governador, as quatro propostas que levei para um plebiscito na Califórnia foram derrotadas. Fracassei, e as pessoas achavam que eu estava acabado. Mas, no ano seguinte, ganhei a reeleição.
Papel de governador
Aos 65 anos, Schwarzenegger resolveu retomar a atividade que menos lhe proporcionou fracassos. Ele é o astro de “O último desafio”, filme de ação do diretor sul-coreano Kim Jee-woon, que estreia no Brasil em 18 de janeiro. Trata-se do primeiro papel de protagonista de Schwarzenegger desde 2003, quando lançou “O Exterminador do Futuro 3” e foi eleito pela primeira vez governador da Califórnia. Nesse tempo, o grandalhão nascido na Áustria, filho de um ex-oficial nazista e que se mudou para os EUA em 1968, só teve breves participações no cinema, a maior delas em “Os Mercenários 2” (2011), o segundo longa-metragem da franquia criada por seu amigo Sylvester Stallone.
O que Schwarzenegger fez foi trocar um palco por outro: ele se tornou um típico político americano, com discursos prontos sobre qualquer situação, até mesmo sobre o uso excessivo de armas em “O último desafio”. É lógico que o gênero do filme já deixa claro que haverá armas de fogo o tempo todo pipocando na tela. Mas, numa cena, o personagem de Schwarzenegger dispara uma metralhadora de dentro de um ônibus escolar, o que, para um país que ainda lamenta atentados como o ocorrido em dezembro, num colégio de Connecticut, quando 20 crianças foram assassinadas, não é nada pitoresco.
— Eu não acho que alguém vá perder tempo debatendo se “O último desafio” ou qualquer filme de ação pode influenciar um ato de violência. Há muitos outros problemas na sociedade que levam a isso, não é um filme que vai fazer uma pessoa matar outra — limita-se a dizer Schwarzenegger. — Os filmes servem para entreter. É por isso que faço cinema, para deixar as pessoas satisfeitas. É por isso também que não faria um filme político. Não acho que é o tipo de coisa que o público espera de mim.
O difícil é avaliar se o desejo de agradar à plateia surgiu como causa ou consequência do envolvimento de Schwarzenegger com o jogo político. Mas é só conferir o visual do ator para perceber que existe ali um ex-governador — claramente republicano, por mais moderadas que suas posições tenham sido ao longo dos dois mandatos. Para a entrevista, Schwarzenegger aparece de blazer azul, charuto aceso na mão, cabelo penteado para trás e um relógio no pulso esquerdo que só não era maior do que a fivela oval de seu cinto.
Desde 2011, quando se separou da jornalista Maria Shriver, a sobrinha do ex-presidente democrata John F. Kennedy com quem foi casado por 25 anos, o ator não é visto de aliança. Para compensar, usava na mão direita um anel no doce formato de uma caveira.
Para Schwarzenegger, ter sido governador foi um aprendizado:
— Quando você vê os problemas dos outros, aprecia mais as coisas que tem. Você se senta naquela cadeira e, a cada meia hora, aparece alguém com um problema diferente. Eu acho que isso pode até ter me ajudado a ser um ator melhor. Aprendi, por exemplo, que não podia ficar fingindo que sou um garoto de 30 anos. A chave para fazer um filme de ação hoje é ter consciência das limitações da idade e achar graça disso. É uma maneira de evitar constrangimentos e ganhar o respeito do público.
Assim, em “O último desafio”, o papel de Schwarzenegger é de um experiente xerife na fronteira entre EUA e México que precisa impedir a fuga de um traficante americano. No elenco, estão Forest Whitaker, Johnny Knoxville, Luiz Guzmán, Jaimie Alexander e o brasileiro Rodrigo Santoro, todos com peso semelhante: fazer Schwarzenegger, mais velho e menos ágil, brilhar.
— Uma coisa em que eu pensava quando me afastei do cinema é que outros heróis poderiam surgir. E eu imaginava que alguém poderia estar dizendo Schwa... o que mesmo? — brinca o ex-governardor.
Possível thriller em SP
Só que o público não se esquece facilmente de “O Predador” (1987), “Irmãos gêmeos” (1988), “O Vingador do Futuro” (1990) e “True lies” (1994), algumas das produções que ajudaram a consagrar o ator. Agora, com a política de lado por um tempo, ele pretende retomar antigos personagens, como os de “Conan, o Bárbaro” (1982) e “O Exterminador do Futuro” (1984). Ambos os projetos já estão sendo desenvolvidos, ao lado de novos filmes que podem ter a assinatura do ator — um deles, em negociação, seria “Captive”, um thriller passado em São Paulo.
— Uma coisa mudou no cinema de ação. Tirando esses negócios de “Homem-Aranha”, um filme que era feito com US$ 100 milhões hoje custa US$ 50 milhões. Isso é bom porque tudo deve ser resolvido mais diretamente, não dá para refazer cada cena. Filmar ficou mais rápido. Então tenho tempo para muitos outros filmes.
* Reportagem do Jornalista do O Globo André Miranda.

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