Mário Randolfo foi morto com um tiro no ouvido |
No dia 9 de
fevereiro completa 1 ano do assassinato do jornalista Mário Randolfo Marques
Lopes, de 50 anos. Ele foi assassinado com um tiro no ouvido no dia 9 de
fevereiro de 2012, junto com sua namorada- Maria Aparecida Guimarães- em Barra
do Pirai. Assim como muitos casos de membros da imprensa assassinados no
Brasil, o caso de Mário Randolfo não teve ainda um esclarecimento preciso, e
nenhum suspeito foi preso. No ano passado, 11 jornalistas foram assassinados no
País. Em quatro dos casos, a relação com a atividade profissionals foi
descartada; em outros dois ainda é incerta e em outros cinco já foi confirmada
ou é tida como muito provável, como é o caso do jornalista da região.
Isso porque Mário
Randolfo era chefe de reportagem de um site jornalístico onde publicava
matérias polêmicas e denunciava supostas irregularidades envolvendo órgãos,
autoridades e políticos. Dessa forma fez vários inimigos da elite, que não
costumam entrar no radar da punição. Ainda mais numa cidade como a de
Vassouras, onde há toda uma hierarquia de famílias e tudo mais.
Só que o que mais
chama a atenção nesse caso, era que a morte do jornalista já estava desenhada
e, hoje, um ano depois do ocorrido, nenhuma linha de investigação concreta foi
traçada. Ou se foi, a policia não fez questão de divulgar. Esses 11 assassinatos colocaram o Brasil, em
2012, entre os países do continente com mais jornalistas mortos, atrás apenas
do México e da Colômbia.
A
morte de Décio Sá, do jornal Estado do Maranhão, na noite do dia 23 de abril,
reforçou a sensação de que cada assassinato de jornalista no Brasil resulta em
criminosos impunes. Poder financeiro e político, letargia policial e judicial.
Os motivos do engessamento nas investigações são sempre os mesmos.
No caso do maranhense, suspeitos foram
presos. Porém, os verdadeiros mandantes do crime – que ocorreu no dia em que Sá expôs em seu blog
esquema de corrupção no Tribunal de Justiça de seu estado – seguem distante das
algemas e do cárcere. Assim, os quatro jornalistas executados no Brasil neste
ano em função do exercício de sua profissão ainda não tiveram seus algozes
presos e devidamente reconhecidos.
Para encarar a impunidade nos crimes contra
profissionais da imprensa, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) luta
pela aprovação, no Congresso Nacional, de projeto que garante a federalização
da apuração dos crimes contra jornalistas, com a Polícia Federal na dianteira
das investigações desses casos.
“A maioria dos crimes contra jornalistas
tem fundo político”, lembra Celso Schröder, presidente da Fenaj. Como nos casos
de Décio Sá e de Mario Randolfo Lopes. As denúncias que ambos faziam, em seus
respectivos blogs, envolvendo figuras influentes da política local os colocaram como
alvos.
Para o presidente da Associação Brasileira
de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Moreira, a situação é “grave”,
mas ainda não seria resolvida com a proposta de federalização. “O Brasil já tem
em seu Código Penal
garantias de punição”, aponta ele. “Porém, se a impunidade continuar e as
policias locais não tiverem o empenho necessário para investigar os crimes
contra jornalistas, aí sim seria o caso da federalização”, completa Moreira,
que é representante do International News Safety Institute (Insi) no País.
Após a morte de Décio Sá, a Associação
Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou nota, assinada por seu presidente,
Maurício Azêdo, afirmando que “a impunidade desses criminosos constituirá
estímulo a novos crimes contra jornalistas”. A ABI ainda fez um apelo à
presidente Dilma Rousseff e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para
que a Polícia Federal “não permaneça indiferente diante de tal brutalidade”.
Para a Fenaj, o combate a estes crimes
exige esforços também dos veículos de comunicação — nos casos em que o
jornalista trabalha para uma empresa, defende Schroder. “E isso se faz
garantindo mecanismos mais eficazes de proteção ao profissional e também aos
seus familiares”.
Por fim fica a incerteza para mais um ano
de muito trabalho para a imprensa. Com uma punição, digamos, mais severa aos
réus do mensalão, a justiça brasileira virou a página do ano de 2012 como menos
tolerante aos “peixes grandes” da sociedade. Com isso teremos nesse 2013 muitos
juizes, promotores e advogados se inspirando em Joaquim Barbosa e
batendo de frente com a elite errante do país.
Em meio a todo esse “balde” de
nitroglicerina pura, estão os “boca-malditas” da imprensa, que alertam a
população através das ondas do rádio, das linhas dos jornais, revistas e também
através dos blogs, além das denuncias bem produzidas pela TV.
Toda essa massa da imprensa, formadores de
opinião e linhas de frente da guerra entre a sociedade e os poderes opressores,
estão espalhadas em cada município do país e do mundo.
Se os profissionais mortos pela covardia de
quem tem muito a esclarecer, pudessem hoje falar, pediriam mais respeito à
imprensa mundial. Pediriam um reconhecimento maior a essa profissão de
importância suprema, mas que está desgastada pela penetração de falsos
profissionais, comprados pelo poder público. Pediriam sobretudo um público mais
questionador e exigente, que não se conformasse com sua cerveja gelada e sua
poltrona confortável, enquanto assiste no noticiário das 20 horas um show de
barbaridades nos congressos e palácios mundiais.
Na semana passada o primeiro membro da
imprensa foi assassinado no Brasil. O radialista Renato Machado foi morto a
tiros quando saía da rádio onde trabalha, em São João da Barra-RJ.
Hoje a policia do Estado já divulgou que desvendou o assassinato do jornalista.
Através de imagens de TV, Gilmar Barreira Ramos Júnior é visto deixando o local
do crime. Ele que já está preso é, de acordo com a policia, um matador de
aluguel. Isso é quase que óbvio quando se trata de uma execução contra
jornalistas. Agora resta saber se a policia chegará ao mandante da execução, ou
se a investigação irá se arrastar para os cofres, sabe-se lá de quem.
Johnata Augusto AmadoMaria Aparecida foi morta junto com Mário Randolfo |
Continuem lutando pela nossa sociedade que Brasil é este em que estamos vivendo.
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