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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Morre Reginaldo Rossi, o Rei do Brega

Morreu nesta sexta-feira o cantor Reginaldo Rossi, aos 69 anos. No dia 27 de novembro, ele foi internado no Hospital Memorial São José, no Recife, com dores no peito, mas logo os médicos descartaram a hipótese de infarto. Na quarta-feira, 4 de dezembro, foi submetido a uma cirurgia para retirada de um nódulo da axila direita e os exames confirmaram o diagnóstico de câncer. Dias depois, no domingo 8, ele voltou a ser internado na UTI e na última quinta-feira teve piora em seu estado clínico.
O autointitulado — e reconhecido por muitos como tal — Rei do Brega era, em 1964, quando iniciou a carreira, um garoto que como muitos outros amava os Beatles e imitava Roberto Carlos. Ele seguia o estilo do Rei da Jovem Guarda nos shows que fazia nos bares e clubes de sua Recife natal, ao lado do conjunto Silver Jets. Nessa linha, gravou seu primeiro disco, “O pão”, em 1966. Na década de 1970, como muitos de seus colegas, foi direcionando o repertório para canções mais românticas, se estabelecendo como um dos nomes mais populares do brega no Norte e Nordeste do Brasil.
No eixo Rio-São Paulo, Rossi se manteve um nome pouco conhecido até o estouro, nos anos 1990, de sua “Garçom”, dentro de um movimento de revalorização do brega. Chegou a ganhar um CD-tributo em 1999, “REIginaldo Rossi” que tinha desde as bandas do mangue beat — que representavam a vanguarda do pop no país na época — como mundo livre s/a e outras da mesma geração como Planet Hemp até nomes já consagrados como Zé Ramalho e Erasmo Carlos. Foi nessa época que ele se popularizou nacionalmente como Rei do Brega. O álbum vendeu um milhão de cópias.
— Quem é o rei do brega no Brasil? Eu, claro. Eu canto para garotos do high society e para os pobres — resumiu Rossi em entrevista na época do lançamento de “REIginaldo Rossi”.

Rossi acreditava que o segredo de seu sucesso — e do brega, de uma forma geral — era a simplicidade. Ele defendia que o canto sincopado, com quebras de ritmo, afastava o ouvinte, assim como letras muito complexas:
— O brega é a linguagem do povo. Não tem essa de “data vênia”, “metamorfose do meu ego”, “infra-estrutura do meu ser” e coisa e tal — disse em 1998.
Seus discos tinham periodicidade irregular, sobretudo a partir dos anos 1990. Em 1998, reuniu os sucessos da carreira no CD “Reginaldo Rossi ao vivo” — músicas como “A raposa e as uvas”, “Dia do corno” e “Mon amour, meu bem, ma femme”. Faria outros registros ao vivo, como o DVD lançado em 2006, novamente com seus hits. Recebeu, ao longo da carreira, 14 discos de ouro, dois de platina, um de platina duplo e um de diamante.
Em 2010, lançou seu último trabalho, “Cabaret do Rossi”, nos quais imprimiu seu estilo sobre clássicos românticos de outros intérpretes, como Elymar Santos (“Taras & manias”), Marisa Monte (”Amor I love you”) e Vinicius Cantuária (”Só você”). Suas últimas apresentações foram realizadas nos dias 21 e 22 de novembro no Manhattan Café Teatro, em Recife.
Reginaldo Rossi deixa mulher e um filho.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Ministério Público pede pena máxima para manicure assassina

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio da 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Barra do Piraí, apresentou ao Juízo da 1ª Vara de Barra do Piraí-RJ as alegações finais relativas ao caso de João Felipe João Eiras Santana Bichara, de 6 anos. O menino foi assassinado pela manicure da mãe da vítima, Suzana do Carmo Oliveira Figueiredo, de 22 anos, no dia 25 de março deste ano.
Em seu pronunciamento, o MPRJ reafirmou sua convicção de que a conduta da manicure, assassina confessa do menino, caracterizou o crime de extorsão mediante sequestro com resultado em morte, concluindo pela necessidade de condenação da ré. Suzana confessou que pretendia pedir R$ 300 mil pelo resgate da vítima, mas que decidiu matar a criança após o plano ter dado errado.
Além disso, ressaltou a necessidade de aplicação da pena máxima, diante das circunstâncias e consequências dos crimes, citando especificamente a covardia, a crueldade e a dissimulação na execução do crime, além da intensa dor causada ao menor e do grande abalo social provocado pelo ocorrido.

Com as alegações finais do MPRJ, os autos seguem para os pronunciamentos finais do assistente de acusação e da defesa. Logo após, serão remetidos ao Juízo. A expectativa é de que a sentença seja proferida em janeiro de 2014.

Ex-craque do futebol italiano, Gattuso, tem casa invadida pela polícia


Segundo o jornal italiano Gazzetta dello Sport, o ex-volante Gennaro Gattuso, campeão mundial pela Itália em 2006, teve sua casa invadida pela polícia na manhã desta terça-feira em investigação sobre manipulação de resultados. A operação realizada durante a madrugada contou com outras invasões e prendeu quatro pessoas, que segundo a procuradoria da província de Cremona seriam intermediários entre jogadores e apostadores. O meio-campista Cristian Brocchi, ex-jogador da Lazio, também é investigado e teve sua casa invadida
O procurador de Cremona, Roberto Di Martino, confirma à agência Associated Press que os ex-jogadores são investigados por participação em uma rede responsável por fraudar resultados durante a temporada 2010/11, quando Gattuso e Brocchi ainda atuavam por Milan e Lazio, respectivamente. O procurador ainda afirma que os italianos podem ser acusados de conspiração criminosa e fraude desportiva porque foram associados ao processo ao serem ouvidos em escutas.
Ainda de acordo com a procuradoria, houve tentativa de manipular resultados de 58 partidas da primeira e da segunda divisão italiana. Destas, 53 são referentes à temporada 2012/13. Além disso, a investigação ainda dá atenção a três partidas do Milan, realizados em 2011 contra Lazio, Juventus e Inter; o duelo entre Juventus e Lazio do ano passado; e o confronto entre Palermo e Internazionale realizado neste ano.
A ação da polícia italiana realizada nesta terça-feira é mais um capítulo da megaoperação batizada de "Calcioscommese" ("apostas de futebol", em tradução livre), que investiga apostas ilegais e já resultou na prisão de mais de 50 pessoas ao descobrir escândalos de combinação de resultados.

O arranjo de resultados não é novidade na Itália. Este é pelo menos o quarto escândalo do futebol do país que gira em torno de fraude de placares. Em 1927, por exemplo, o Torino foi campeão subornando adversários. Na década de 80, outros dois casos de venda de resultados foram descobertos. O caso mais recente, ocorrido em 2006, envolveu Juventus, Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina, que foram acusados de fraudar placares de jogos selecionando árbitros que lhes seriam favoráveis.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Após Tapetão no Brasileirão, Flu vira alvo de zoação

Depois de ganhar no STJD o direito de voltar à série A do Brasileirão, o Fluminense virou alvo de zoação na internet. Imagens pipocam, desde ontem, fazendo referência aos argumentos e manobras do clube carioca na justiça, para reverter o descenso. O julgamento aconteceu ontem no STJD e concluiu que a Portuguesa e o Flamengo deveriam perder pontos por escalarem, irregurlamente, atletas que deveriam cumprir suspensão. Os dois clubes perderam 4 pontos no Brasileiro. Como a Portuguesa, com a perda dos pontos, ficou atrás do Fluminense na classificação final, caiu para a Série B e salvou o Flu da queda. O Flamengo ficou a um ponto da queda. Os dois clubes vão recorrer. Enquanto a luta continua sendo travada, a torcida do Fluminense comemora....e os adversários fazem chacota. Confira:







Presídio da Papuda, onde estão mensaleiros, pode sofrer rebelião

Três juízes que atuam na Vara de Execuções Penais (VEP) em Brasília, responsável pelos processos das prisões dos condenados do mensalão, pediram para ser removidos da Vara em razão dos conflitos surgidos desde a chegada dos condenados ao Complexo da Papuda. Entre os motivos elencados nos pedidos, encaminhados à Vice-Presidência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, está a iminência de ocorrer uma rebelião e uma tentativa de fuga na próxima terça-feira, dia 24, véspera de Natal.
Eles também denunciam a existência de uma suposta sabotagem por parte de agentes penitenciários com o objetivo de prejudicar a VEP. Os pedidos dos juízes foram remetidos ao primeiro vice-presidente, desembargador Sérgio Bittencourt, no último dia 9. Dois dias depois, o desembargador negou a remoção dos juízes e encaminhou à Presidência do TJ, “com urgência”, as denúncias de rebelião, fuga e sabotagem.
Os juízes escreveram no pedido de remoção que magistrados, promotores de Justiça e defensores públicos constataram a tensão no sistema prisional desde a chegada dos mensaleiros à Papuda, principalmente em razão das regalias concedidas a eles pela administração penitenciária. Entre esses privilégios estava um dia especial de visitas, as sextas-feiras, medida derrubada pelos juízes substitutos da VEP.
Situação de caos no sistema prisional
A argumentação dos juízes para serem transferidos da VEP se baseia na situação que consideram “de caos” do sistema prisional desde a chegada dos condenados do mensalão. As detenções ocorreram em 15 de novembro, e, diante dos conflitos deles com o juiz titular da VEP, Ademar Silva de Vasconcelos, os magistrados já alegavam a necessidade de remoção da Vara.
Os primeiros pedidos nesse sentido foram feitos ainda em novembro e negados pela Vice-Presidência do TJ, a quem cabe decidir sobre remoções de juízes. Há poucos dias, diante da ampliação da tensão nos presídios da Papuda, inclusive com uma suspeita de sabotagem por parte de agentes prisionais, os magistrados voltaram a pedir remoção.
A segunda negativa do TJ pode levar a uma contestação formal na Justiça sobre a permanência na VEP. No fim de novembro, por ingerência do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, o titular da VEP foi afastado da condução dos processos de execução das penas dos presos. Praticamente todo o trabalho passou a ser feito pelos juízes substitutos e pelos juízes auxiliares designados pela Vice-Presidência do TJ para atuar na VEP.
Pelo menos três fontes independentes teriam alertado um dos juízes sobre a possibilidade de rebelião na véspera do Natal. A unidade onde detentos estariam arquitetando a revolta é o Centro de Detenção Provisória (CDP), que fica ao lado do Centro de Internamento e Reeducação (CIR), dentro do Complexo da Papuda. É numa cela especial do CIR onde estão presos o ex-ministro José Dirceu; o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares; o ex-tesoureiro do PL (hoje PR) Jacinto Lamas; e os ex-deputados Romeu Queiroz, Pedro Corrêa, Bispo Rodrigues, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry. Também é dada como certa, no pedido remetido à cúpula do TJ, que os agentes tentarão uma sabotagem com a finalidade de atrapalhar a atuação da Justiça.
O assunto já foi tratado na semana passada numa reunião da cúpula da Secretaria de Segurança Pública do governo petista do DF. A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), que cuida da gestão dos presídios, é vinculada à Secretaria de Segurança Pública. O subsecretário, Cláudio de Moura Magalhães, confirmou ao GLOBO que tratou de rebelião nos presídios, mas disse que o assunto é discutido rotineiramente pela Sesipe, tanto com a pasta de Segurança Pública quanto com os juízes da VEP.
— Há um núcleo de inteligência em cada presídio e a Gerência de Inteligência da Sesipe, com o objetivo de apurar fugas e rebeliões. Não tenho conhecimento de sabotagem nem de rebelião. Na reunião da semana passada, discutimos vários assuntos, inclusive sobre inteligência e rebelião. Mas isso ocorre o tempo todo, não houve uma reunião específica com essa finalidade — afirmou o subsecretário.
Os magistrados apontam situação de tensão e conflito com o titular da VEP. Dizem ter acumulado todo o trabalho da execução das penas dos mensaleiros. E relatam uma reunião em 16 de novembro, um sábado, o dia seguinte à decretação das primeiras prisões. Toda a cúpula do TJ teria participado da reunião, assim como o titular da VEP e os juízes substitutos. Na ocasião, Vasconcelos teria dito que não se subordinaria a Barbosa. As decisões, então, se concentraram nos demais magistrados.
— Pedido de remoção é normal. Estou em silêncio — disse ao GLOBO o titular da VEP, que não quis comentar os pedidos de transferência.
O primeiro vice-presidente do TJ do DF indeferiu os pedidos de remoção para garantir o “interesse público”. A manutenção dos juízes nos cargos evitaria uma instabilidade ainda maior do sistema prisional, na visão de Bittencourt, que designou dois juízes auxiliares para atuar na VEP, em razão da ampliação do trabalho desde a chegada dos condenados do mensalão à Papuda.
A assessoria de imprensa do TJ do DF confirmou o teor da decisão do desembargador e sustentou que a negativa de remoção dos juízes está mantida. Sobre o monitoramento da possibilidade de rebelião e sabotagem na Papuda, a assessoria afirmou que o tribunal “está atento”. Nos pedidos de remoção, os juízes pediram ao TJ que decrete o sigilo a respeito da questão.
O subsecretário do Sistema Penitenciário disse ser comum o envio de relatórios de inteligência para a VEP, e não o contrário, da VEP para a Sesipe:
— Estamos o tempo todo em contato com o secretário de Segurança Pública e com os juízes da VEP. Todos os assuntos são discutidos com eles, inclusive de inteligência. Posso ter conversado com os juízes sobre esses relatórios, sobre rebelião. Esse é um assunto rotineiro entre Sesipe e VEP — disse Cláudio Magalhães.
No início do mês, as seis promotoras que atuam na área de Execução Penal do Ministério Público do DF apresentaram uma representação contra o juiz Vasconcelos na Corregedoria. As promotoras pedem uma investigação da conduta do titular da VEP. A representação diz respeito, exclusivamente, a episódios relacionados à execução das penas dos mensaleiros. Elas citam a falta de “providências”, por parte de Vasconcelos, em relação à ausência de “tratamento isonômico” nas visitas aos presos.

 (Matéria Jornal O Globo)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Ex-PM preso por crimes revela atrocidades durante operações em livro

Quem poderia imaginar que quatro PMs de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) -- cuja proposta é justamente a de levar segurança a áreas pobres -- fossem capazes de torturar até a morte um inocente, com a cumplicidade dos superiores e a omissão de mais 21 policiais? Para qualquer pessoa que tenha conhecido a banda podre da PM, como aconteceu com Rodrigo Nogueira, carioca de 32 anos, o Caso Amarildo infelizmente não é exceção. Entre 2005 e 2009, o soldado Rodrigo usou a farda, o distintivo e as armas cedidas pela corporação para extorquir dinheiro de quem estivesse fora da lei ao cruzar seu caminho, torturar traficantes, negociar e vender a liberdade de perigosos assaltantes, julgar e condenar à morte criminosos e suspeitos de crimes, participar de ações da milícia e matar a sangue-frio, sem piedade. Pela primeira vez um ex-PM do Rio confessa publicamente ter cometido tamanhas atrocidades e revela como funciona o esquema que corrompe praticamente toda a cadeia hierárquica da corporação, do soldado ao coronel.

Para expiar sua culpa, Rodrigo criou um personagem, o soldado Rafael, o protagonista que narra em primeira pessoa "Como nascem os monstros -- A história de um ex-soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro" (Editora Topbooks), lançado mês passado. Qualquer semelhança com a realidade não é nenhuma coincidência. Depois que foi preso em novembro de 2009 na Unidade Prisional da PM -- condenado por tentativa de homicídio e de extorsão -- Rodrigo considerou uma missão revelar o sistema de uma das maiores corporações policiais do país, que está na berlinda por episódios como o de Amarildo ou por ter perdido o controle de manifestações que acontecem desde junho.

-- Alguém precisava dar real entendimento ao que acontece dentro dos quartéis da PMERJ, quais são os fatores que transformam homens comuns, pais de família, em assassinos alucinados e sem remorso, e isso só seria possível através do prisma de quem viveu no inferno e que já não tinha mais nada a perder. Não escrevo para ser reconhecido ou festejado, mas sim para que o nível de podridão da PMERJ seja escancarado de vez e de uma maneira que não tenha mais volta, para que todos os leitores abram os olhos e percebam que não passamos todos de uma reles massa de manobra de interesses muito mais terríveis e obscuros, que todos dias vendem morte e insegurança, para poder pedir seu voto de novo daqui a quatro anos -- afirma Rodrigo, em entrevista por carta, na qual não deixou de responder nenhuma das 42 perguntas.

Apesar de ter confessado vários crimes, o ex-PM Rodrigo Nogueira nega ter praticado justamente os crimes que o levaram a uma condenação total de 30 anos e oito meses de prisão, na esfera civil e militar. Ele foi condenado a partir do depoimento de uma vendedora ambulante, que acusou ele e um colega de terem tentado extorquir dinheiro dela e lhe dado um tiro no rosto, além de estuprá-la. O caso ganhou as páginas policiais em 2009. Por ironia, a mulher era a informante que havia ajudado o grupo de Rodrigo no plano de sequestro de um traficante, cuja liberdade custou R$ 250 mil além de cinco fuzis.

-- Não sei dizer especificamente quem foi o responsável pelo disparo que a atingiu, mas ela foi submetida a exame de corpo de delito que comprovou que ela não foi sofreu agressão sexual, como havia denunciado -- defende-se o ex-PM, acrescentando que foi condenado por 4 votos a 3 e não quis fazer do livro "um plenário" para sua defesa.

Nascido e criado numa área pobre de Nova Iguaçu, Rodrigo cursou a Escola de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina, acreditando que ia participar de alguma guerra. Seu sonho era pegar em armas para defender a sociedade, e foi isso que acabou levando-o à Polícia Militar. O protagonista do livro inicia sua trajetória na PM como uma espécie de paladino da Justiça, realmente acreditando que iria "servir e proteger", como diz o slogan da corporação, copiado da polícias americanas. Aos poucos, a convivência com colegas mais experientes, entregues à rotina de violência, o transforma no que ele acreditava ser um combatente urbano, estimulado pela retórica da guerra, na qual policiais viram soldados e traficantes -- e até moradores de favelas -- os inimigos mortais. Recebe então a senha para saquear os territórios conquistados, como despojos de guerra, e eliminar pessoas a seu próprio julgamento, contribuindo para o círculo vicioso de violência que impregna as ações da polícia nas grandes cidades do país.

-- Rafael sente muito remorso pelos homicídios que cometeu, e isso fica bem claro na obra. É isto que mais me incomoda, tanto que a metamorfose só ocorre depois que ele mata a primeira vez -- observa o ex-PM escritor.

Apesar de ter conhecido a corporação em 2005, Rodrigo conclui que foi a ditadura de 64 quem usou a PM, no combate à subversão, pois foi quando, segundo ele, a força aprendeu a torturar, sequestrar, "embuchar" (forjar provas) e até matar com extrema eficiência e funcionalidade. Com a volta da democracia, diz ele, esses poderes deveriam ter sido extintos. "Mas nenhum general foi aos batalhões, nenhum curso de reciclagem foi formulado, nada. Enquanto as tropas do Exército recolhiam-se aos quartéis, quem é que continuou nas ruas? A PM. Tudo foi jogado em cima de homens semianalfabetos, mal-pagos e mal-preparados", afirma no livro, num dos raros momentos em que tenta justificar os erros praticados pelos policiais.

Segundo Rodrigo, o ódio ao bandido vai sendo construído já no Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), em Marechal Hermes. "A animosidade do policial com relação ao bandido carioca é proveniente do mais puro revanchismo, e vice-versa. Esse ciclo de violência e morte se renova dia a dia, com a repetição de atos de barbárie de ambos os lados, mas sua origem é culpa do aparato estatal", afirma o soldado Rafael, no livro. 

Mas o soldado Rafael perde de vez a ingenuidade e começa a metamorfose de ser humano para monstro depois de cometer o primeiro assassinato a sangue-frio. A vítima é um rapaz que fora atropelado e estava caído no chão, se arrastando e implorando por socorro. Minutos depois, os policiais constatam que era verdadeira a versão de um popular que avisara que tratava-se de um assaltante. O homem caído no chão fora atropelado por outro carro no exato momento em que tentava assaltar um motorista na Radial Oeste, na Zona Norte do Rio. Indefeso e todo arrebentado, o homem balbuciava algo, como se pedisse ajuda. Mas o soldado Rafael decidiu matá-lo e depois simular um tiroteio, como acontece em muitos casos forjados de autos de resistência -- o confronto armado com policiais. Em vez da pistola calibre 45 do assaltante, Rafael apresentou na delegacia uma pistola velha. Apesar da sensação de ter virado um monstro, com a execução sumária de um moribundo, Rodrigo vendeu a arma e dividiu o dinheiro com o colega de farda. 

No livro, Rodrigo relata como vendeu também um fuzil AK-47 apreendido após confronto com traficantes do Morro do Borel, na Tijuca. Nesse tiroteio, dois bandidos foram fuzilados, depois de reagirem à patrulha de Rodrigo. O comprador foi um chefe de milícia. O matador do grupo, também conhecido como "quebrador", era um ex-PM, colega de turma de Rodrigo. Apesar de afirmar ter recusado convite para integrar aquela quadrilha, Rodrigo conta também como participou de ação da milícia contra um grupo de traficantes, cujo chefe foi degolado por um homem especialmente encarregado da ação, numa invasão minuciosamente planejada pelos milicianos. A ideia era mandar um recado aos traficantes: desistam desse território. Essa operação clandestina numa favela do Rio foi fruto de delação da namorada do bandido, cansada de humilhações e agressões. A mulata sestrosa tinha tudo do bom e do melhor na favela, mas o traficante não manifestava qualquer respeito por ela. Acabou sendo remunerado com a traição.
Além do cheiro de pólvora produzido pelos relatos sem firulas, o livro “Como nascem os monstros” poderia funcionar como uma espécie de manual da corrupção na Polícia Militar do Rio. Em nove meses, Rodrigo escreveu o livro de 606 páginas, que chamou de romance não ficcional. Rodrigo garante que, tirando um ou outro personagem ou características criadas para esconder os personagens com os quais conviveu no dia a dia da PM, é tudo verdade. O livro destrincha o esquema de corrupção que depende também de alguém disposto a corromper o policial, seja um motorista pego sem habilitação, um usuário de drogas detido logo após sair da boca de fumo ou um chefão do tráfico vítima de um sequestro planejado por uma rara sociedade entre policiais civis e militares. A pessoa é pega em flagrante e parte para o "desenrolo", que na gíria do submundo significa a forma de se livrar de uma situação incômoda.

-- O PM só vale o mal que pode causar – escreve o soldado Rafael, que começou a carreira extorquindo o produto do roubo praticado por pivetes e gangues de bicicleta e chegou a participar do sequestro de um dos chefões do tráfico, que chamou de Rufinol e tem tudo para ser Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol. Era um dos maiores fornecedores de drogas do Rio e dominou o Complexo de São Carlos, no Estácio, procedente de Macaé. Foi um dos primeiros no Rio a montar pequenos laboratórios de refino de cocaína, o que mostra que tinha contatos que trazem a pasta-base da droga, diretamente da Bolívia e da Colômbia. Aliado de Nem da Rocinha, Roupinol foi morto em cerco da Polícia Federal, em março de 2010.

O sequestro de Roupinol foi planejado a partir de informações dadas por um X-9 (informante), com quem os policiais dividiam o dinheiro arrecadado em operações clandestinas de combate ao tráfico, e mais tarde se tornou justamente a denunciante dos crimes que levaram o soldado Rodrigo à prisão.
-- Dentre todos os crimes que podem ser praticados quando se está com a farda da PM o sequestro é, sem dúvida, um dos mais maravilhosos – conta Rafael, o alter-ego do ex-PM Rodrigo Nogueira.
O livro explica que o bandido sequestrado pode ficar horas dentro de um carro da polícia ou até mesmo num Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO), o avô da UPP. No caso de os policiais bandidos serem surpreendidos pela corregedoria eles podem alegar que não havia sequestro algum e que, na verdade, a pessoa detida estava prestes a ser conduzida para a delegacia de polícia. Só que a quadrilha que sequestrou o traficante não conseguiu comprar todo mundo, a história acabou vazando e os envolvidos foram sendo de alguma forma punidos, um a um.
Quando não conseguiam sequestrar um chefão, policiais corruptos cobravam propinas do tráfico, pagas semanalmente, diretamente aos agentes fardados e em carros da polícia, em plena luz do dia.
-- Depois de comprar um policial, o bandido se sente um pouco dono dele – diz o soldado Rafael, demonstrando rara consciência das consequências da corrupção para a atividade policial.

Segundo Rodrigo, alguns policiais ficam tão submissos ao dinheiro do tráfico que, no batalhão de Bangu nos anos 1990, era comum um famoso traficante desfilar pelas ruas da Vila Vintém fardado e a bordo de uma das recém-chegadas blazer da PM. No São Carlos, os policiais tinham que subir a ladeira com calça arregaçada até a altura dos joelhos, com o fuzil cruzado nas costas, para mostrar que estavam arregados. Até um blindado, o famoso caveirão, pode ser usado como arma de coação na hora de determinar arregos a serem pagos, conta Rafael. Numa das histórias, Rafael conta como o Grupo de Apoio Tático (GAT) do qual fazia parte invadiu uma favela, dominou o local onde era feita a embalagem da droga e torturou barbaramente, com crueldade ímpar, dois traficantes desarmados. Eles foram executados sumariamente depois que se percebeu que não tinham informações que levassem aos chefes da quadrilha. As torturas e execuções são descritas em detalhes, assim como as medidas tomadas para se minimizar os riscos de uma perícia, por exemplo, constatar que as mortes não foram em confronto.
Na entrevista, o ex-PM Rodrigo confessa que raramente os policiais que liberam bandidos perigosos ou vendem armas para traficantes avaliam o mal que estão causando à sociedade:
-- O policial que comete esse tipo de crime não pensa nisso. Só o que importa é o lucro. É mais um sintoma da deformidade moral adquirida, quando tudo se torna banal, explicável, lícito – diz Rodrigo, que nega ter vendido armas para traficantes ou colocado em risco inocentes, com a libertação de bandidos.
No livro, entretanto, relata a história de um assaltante que estava na porta de um banco pronto para fazer uma “saidinha de banco”, quando o PM Rafael o surpreendeu. Em vez de levá-lo preso, negociou e vendeu sua liberdade. Deixou, portanto, solto um tipo de criminoso frequentemente envolvido em latrocínio, roubo seguido de morte.
Embora não detalhe todos os casos, Rodrigo revela no livro como o esquema de corrupção parece estar mesmo entranhado em cada setor de um batalhão da PM. O cenário da roubalheira é a Tijuca, bairro de classe média, na Zona Norte da cidade. Ele trabalhou no 6º BPM (Tijuca) e mostra a estrutura que é montada para achacar cidadãos, comerciantes, suspeitos e criminosos. Uma simples verificação de documento pode dar início a um processo que se torna vantajoso para um policial que decide complementar a renda às custas de propina. Segundo Rafael relata, tudo acontece com a cumplicidade e até o estímulo de oficiais da unidade, que colocam os subordinados em atividades estratégicas para a coleta do dinheiro. Em muitos casos, o serviço tem uma taxa fixa e periódica, cobrada pelo oficial, que não quer nem saber como o subordinado vai pagar o que foi combinado. É o trato que garante a pecúnia extra e mantém o subordinado no lugar determinado para conseguir o faturamento.
--- Eu cansei de dar dinheiro na mão de major, capitão, tenente. Até para trabalhar em lugar melhor tem que pagar, senão o PM fica baseado a noite toda lá na Conchinchina. E os coronéis pegam dinheiro de tudo quanto é lugar. Tudo no batalhão gira em torno dele. É uma sujeirada sem tamanho, chega a dar nojo – afirma Rodrigo.
A rádiopatrulha é um dos serviços mais cobiçados pelos policiais porque é um dos poucos em que "não é o polícia que corre atrás do dinheiro, mas é o dinheiro que vem até o polícia". São os "ratrulheiros", como diz Rafael. Ele atribui a vantagem obtida pelos policiais corruptos "à sempiterna tendência do carioca em querer se dar bem", a velha Lei de Gérson.
-- Se um PM exige dinheiro por conta de uma infração de trânsito que não existe ou ele é burro ou maluco -- diz Rodrigo, acrescentando que jamais conheceu algum PM que cobrasse propina de alguém que estivesse dentro da lei.
Com os estabelecimentos comerciais, uma rádiopatrulha pode conseguir bons acordos para estar lá na hora do fechamento – os “fechos”, que nada mais é do que o fornecimento de segurança particular com o aparato estatal. Já as rondas escolar e bancária são coordenadas pelo comando do batalhão, de acordo com seus próprios interesses. Mesmo no caso de atendimento a mortes naturais, os PMs, a pretexto de orientar a família do morto, fazem acertos para favorecer a funerária que vai lhe garantir a “cerveja”.
No serviço de motocicleta, Rafael e um sargento veterano tomaram muita propina de motoristas infratores até que um dia tentaram extorquir dinheiro de um amigo do chefe do serviço. Aí o negócio babou. Rafael lembra que o sargento era bem-humorado. Quando o motorista infrator lhe oferecia um “café” para fazer vista grossa a alguma infração, o sargento dizia que só tomava o Kopi Luwak, um australiano que custa mil dólares o quilo. Indagado o que acha da situação com a Guarda Municipal cuidando do trânsito, Rodrigo diz que "melhorou, mas ainda não é ideal".
-- Existem, sim, diversos casos de corrupção envolvendo GM, porém está sendo como na época do BPTran (Batalhão de Polícia de Trânsito). No começo, está todo mundo satisfeito, mas uma hora a merda vai feder. Pode esperar -- afirma o ex-PM.
No Grupo de Ação Tática (GAT), uma mini-tropa de elite do batalhão, conheceu policiais que estão sempre dispostos a combater o crime visando principalmente os próprios bolsos. O destemor deles tem uma função objetiva: atuar em operações clandestinas, como a que invadiu o Morro dos Macacos pela mata e fuzilou sem anúncio um grupo de traficantes que estava de plantão na boca. O líder do grupo era um sargento ferrabrás. Certa vez, ele próprio foi se vingar de um desafeto e, sem querer, eliminou também a criança que acompanhava o homem, num carro. Ficou muito tempo assombrado por esse pequeno fantasma. Mais tarde foi executado por assaltantes na Avenida Dom Hélder Câmara, diante de toda a família, na volta do jantar em que comemorara sua aposentadoria da PM. Os criminosos desconfiaram que ele era policial. Era seu último.
Ainda no 6º BPM, o soldado Rafael conta como funcionava também o esquema do "morrinho", um dos mais bem organizados planos de achaque a usuários de drogas da cidade, que se tem notícia. O livro conta que teve muito policial que construiu sua casa com o dinheiro extorquido de dependentes químicos, naquele golpe. Os policiais montavam uma "campana" (vigilância) numa área vizinha ao Morro dos Macaos, em Vila Isabel, de onde podiam observar, a uma distância segura, toda a movimentação na boca de fumo do Morro da Mangueira, uma espécie de "drive-thru" do tráfico. Segundo Rodrigo, frequentavam o local celebridades, pagodeiros, advogados, "playboys", médicos e até mesmo policiais Ali escolhiam os usuários de drogas que deixavam a favela em carros importados e acionavam outra dupla de policiais que estavam num ponto estratégico. Um dos casos que mais rendeu aos achacadores, contado em 12 páginas do livro, foi o de um empresário norueguês com negócios no Rio acompanhado de uma loura, advogada, que pagou lição de moral para os PMs até que se descobriu o que o estrangeiro guardava na cueca -- papelotes de cocaína. Num só "bote" os PMs arrecadaram R$ 10 mil mais US$ 2.500. O dinheiro foi pago no belo apartamento da advogada, em São Conrado, onde os policiais assaltaram até a geladeira da vítima.
-- Policial tem que ganhar bem. Não para enriquecer, mas para poder pagar uma faculdade, ou a escola dos filhos; as prestações de um carro e o financiamento de uma casa. É claro que não importa o valor do salário sempre haverá alguém propenso à corrupção -- nossos queridos políticos estão aí e não me deixam mentir. Entretanto acho difícil encontrar um policial que se arriscaria perder a farda e um salário de R$ 4 mil por um amarrado de queijo apenas ou por uma bacia com peixes, como já vi acontecer. Com efeito, se a carreira oferecesse um salário razoável, atrairia uma parcela mais selecionada de interessados no concurso, o que elevaria o nível cultural e social dos candidatos -- afirma Rodrigo.
Mas o policial ganha mal (R$ 1.200 o salário inicial) e muitas vezes acaba vendo nas situações irregulares oportunidades de complementar a renda com o menor esforço possível. Essa postura, por sua vez, aumenta a desconfiança da população nos agentes da lei, o que foi verificado semana passada em pesquisas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O ex-PM Rodrigo Nogueira concorda que os cidadãos cada vez desconfiam mais dos policiais militares:
-- O carioca por vezes tem mais medo de encontrar uma viatura da PM no breu da madrugada do que um bonde armado de traficantes indo de um baile a outro. A visão que a população tem da PMERJ está tão desgastada que é preciso um reset. Foram anos de abandono, negligência, de chacinas como a do Borel, de Vigário, da Candelária, da Baixada. Em outros estados a aceitação da população é maior, muito embora o modelo de militarização das polícias esteja sendo cada vez mais questionado. Contudo, o Rio não encontra paralelo quando o assunto é violência policial. Todos são culpados,mas sobretudo as nossas autoridades políticfas, que perdem tempo ocupadas nos seus cambalachos que se esquecem (ou não estão nem ai!) de quanta gente está morrendo nessa guerra miserável, que nunca termina e não tem vencedores. Só perdedores.
A recíproca também é verdadeira, observa Rodrigo: "A população se torna o inimigo, ao homiziar o traficante, dar guarida ao "157" e bater palmas ou dar de ombros quando um PM é estralhaçado pelas balas dos bandidos. É um círculo vicioso: o cidadão não confia no PM e o PM não confia no cidadão".
O ex-PM critica também a militarização da força e a disparidade entre os processos de expulsão de um praça e de um oficial. No caso do praça, ele lembra, a decisão é rápida, depois que o policial é submetido a um conselho de disciplina. "É virtualmente impossível que o oficial seja expulso", observa. Com mais liberdade para agir são os oficiais quem incentivam os comandados a extorquirem mais e a matar mais, conclui Rodrigo.
"Enquanto a Academia de oficiais continuar formando líderes desqualificados, pretensiosos e, acima de tudo, aproveitadores da ignorância dos praças, o ciclo de roubalheira continuará se renovando um dia após o outro. Assassinos obedecendo a assassinos, ladrões prestando continência a ladrões e depois com a mais deslavada demagogia o comandante-geral vem crucificar um ou outro policial preso por cometer algum crime de repercussão na mídia!", escreve Rafael.
No livro, o soldado Rafael não deixa pedra sobre pedra da corporação. “Ingenuidade pensar que no Bope não tem ladrão. Apenas o objetivo e a forma de escambo variam, pois enquanto o barriga azul cata tudo que estiver pela frente, o caveira corre atrás da mochila (que leva o dinheiro das bocas) e dos bicos (fuzis)”, escreve.
Apesar de descrever detalhes e histórias de policiais com quem trabalhou – que podem vir a ser reconhecidos por ex-colegas – Rodrigo diz que não há receio de que alguém seja descoberto:
-- Procurar indícios de crime em minha obra seria como procurar uma machadinha num quarto fedorento de São Petersburgo ou um pilão de cobre esquecido num bolso de algum capote velho – ironiza.
Com estilo dos melhores thrillers de suspense, Rodrigo garante que não se autocensurou em nenhum momento, mas mantém sob sigilo os nomes dos personagens da trama.
-- É óbvio que tratar de assuntos tão delicados como os de meu livro há que se usar o bom senso, até porque existem outras pessoas envolvidas e não é conveniente arrolá-las em dinâmicas e situações que gerem embaraço. Não diria que me autocensurei, pois contei tudo. Entretanto, sempre cuidando para preservar terceiros e esforçando-me para manter a integridae da história. Onde isso não foi possível, o romancista entrou em ação e deu jeito no problema – conta o ex-PM escritor.
Como conhece bem o sistema ao qual esteve ligado durante cinco anos, Rodrigo pode mesmo salvar a pele com a decisão de proteger nomes e locais exatos das histórias contadas no livro.
Leitor voraz que diz não apreciar literatura policial, Rodrigo conta que desistiu de ler "Tropa de Elite", o livro que transformou os integrantes do Bope em heróis, e "Sangue Azul", outro livro sobre a corrupção da PM do Rio. "O texto muito pobre e a inverossimilhança me desanimaram", critica.
Com uma citação de Nietzche (“Quem conhece monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E se você olhar longamente para um abismo, ele também olha para dentro de você”), o livro tem referências literárias difíceis de se achar no texto de um ex-PM que conseguiu entrar para a faculdade de direito com o dinheiro ilegal, já que seu salário era de apenas R$ 750,00. Ele cita, entre outros, H.G. Wells e Mário Puzzo. Aos 9 anos de idade, venceu um concurso de redação, cujo prêmio foi uma coleção luxuosa das principais obras de Monteiro Lobato. Mais tarde, na Marinha, onde quase chegou a ser cabo, recebeu o prêmio de melhor poesia num concurso, o que por muito tempo foi motivo de piada no quartel.
-- Seria impossível eu escrever sem antes ter tido contato com a literatura de verdade, com os textos que são a base do meu pensamento. Os livros são, sem dúvida, instrumentos muito mais poderosos que qualquer fuzil já produzido – filosofa.
(Extraído do Blog Repórter de Crime)
Rodrigo, autor do livro, está preso pelos crimes cometidos

Suspeito de matar jovem a pedradas em VR será julgado amanhã

Lucas Silva será julgado amanhã
O juiz da 1ª Vara Criminal de Volta Redonda, Guilherme Martins Freire, vai presidir a partir das 13hs, desta terça-feira (17), o julgamento de Lucas Silva do Amaral, de 18 anos, que será realizado no Tribunal do Júri, em Volta Redonda. Ele é acusado de matar no dia 23 de junho de 2012, Lucas Ribeiro Pimentel, de 15 anos. Na época, foi cogitada a hipótese do crime ter sido motivado por homofobia.
O processo foi desmembrado e, por isso, o outro acusado, Anderson Rafael Nunes da Rocha, de 19 anos, será submetido a outro julgamento, cuja data ainda não foi marcada.
O réu, embora negasse participação no homicídio, pode ter praticado o crime por uma possível dívida de drogas contraída por Lucas Pimentel, segundo o delegado da 93ª DP, Antônio Furtado, pois Lucas comandaria um ponto de venda de drogas na cidade.
A outra hipótese para o crime, segundo Furtado, seria latrocínio (roubo seguido de morte): segundo testemunhas, Lucas Pimentel estava com R$ 900 no dia em que foi morto. O réu admite apenas que foi com a vítima ao bairro Vale Verde comprar drogas, que teriam sido pagas pelo menor.
O corpo de Lucas Pimentel foi encontrado apenas três dias depois, no Rio Paraíba do Sul, na altura do bairro Vila Mury. Seu rosto foi desfigurado a golpes de pedra.

 
O corpo de Lucas foi encontrado três dias depois do crime

Lucas Pimentel foi assassinado e jogado no Rio Paraiba

As marcas do crime: tatuagens e pontos utilizados por criminosos

O significado de uma tatuagem de palhaço varia de acordo como ele se apresenta no desenho. Normalmente a tattoo de palhaço é associada a malandragem e são representados como figuras macabras ou armadas. Nos presídios as tatuagens de palhaço identifica os assaltantes de bancos."A tatuagem, uma antiga forma de expressão corporal, é também utilizada por facções criminosas como forma de comunicação, cuja mensagem estampada na pele, pode revelar a personalidade ou atitudes de um marginal. O conhecimento do significado de cada tatuagem nesse meio é de grande importância para a investigação policial, auxiliando o profissional da área de segurança pública no combate ao crime."


Tatuagens e Significados

Âncora – simboliza esperança, proteção e segurança. Indica a relação do usuário com o mar, sendo feita nos braços.
Borboleta – denota o anseio pela liberdade. É feita por fugitivos, podendo também indicar homossexualidade.
Cadeado e molho de chaves – exprimem que o apenado sofre martírios no mundo do cárcere.
Caravela – significa liberdade. É feita, geralmente, na altura do coração.
Caveira com punhal cravado – indica assassino de policiais.

 Coração cortado por flecha – indica um homossexual passivo.
• Coração cortado por flecha, com a inscrição “amor de mãe” – indica que seus usuários são homossexuais e cometeram crimes contra os costumes. Atualmente, não tem mais esse significado. É feita nos braços e no peito.
• Cruz de carvalho – denota tratar-se de um indivíduo de alta periculosidade. É feita nos ombros e nos braços.
• Espada – quando tem mais de 15 cm indica a valentia do apenado.
 Espada de São Jorge – é feita para exprimir que seu usuário é protegido por Ogum. É desenhada invariavelmente na perna esquerda.
• Espadas cruzadas – também simboliza a proteção de Ogum e é impressa na perna esquerda.
• Estrela (Rosa-dos-Ventos) – significa a liberdade e um amuleto para evitar novas detenções prisões.
• Estrela de Salomão – indica que o usuário está livre de sortilégios.
• Letras – significa recordação do nome de alguma pessoa (mulher, família, amigo). É aplicada nos braços.
• Mulher – representa mulheres ligadas ao detento (esposas, amantes, mães, filhas, etc.).
• Nomes, versos ou dizeres – simbolizam grande e sincera amizade.
 Nossa Senhora Aparecida – Quando aplicada nas costa ou no peito, em tamanho pequeno, significa proteção e esperança. Em tamanho grande, acima da metade e no centro das costas indica o detento que foi estuprado no cárcere. Pode simbolizar também o estuprador, o homicida e o ladrão.
• Pintas na lateral do rosto – indicam a homossexualidade passiva do apenado.
• Pistola – indica o indivíduo praticante de assalto seguido de morte. É aplicada na perna.
Pontos na mão
• Um ponto – punguista (batedor de carteira).
• Dois pontos – estupro.
• Três pontos em forma de triângulo – viciado ou traficante de drogas.
• Quatro pontos em forma de quadrado – furto.
• Cinco pontos em forma de cruz – roubo; um ponto em cada ponta de uma estrela (cinco pontas); homicídio.
• Cinco pontos dentro de um círculo e quatro pontos fora – chefe de quadrilha.
• Nove pontos em forma de cruz – homicida ou chefe de quadrilha.

Revitalização nos acréscimos de 2013

Muito bem galera, estou de volta. Depois de um tempinho considerável, o nosso blog vai voltar a contar com as informações que costumam não chegar ao alcance de todos...ou pelo menos não com a linguagem adequada, que traduz bem o que quer dizer. Seja nos bastidores da política ou da policia, aqui estamos nós nos comprometendo, já nesse fim de ano, com a atualização diária do nosso blog.
Nesse meio tempo minha vida passou por algumas mudanças. Sai do Sistema Sul Fluminense (amigavelmente) e estou iniciando um novo projeto de trabalho na Rádio 88 FM com a equipe do Programa Fato Popular. Com certeza a recepção do Betinho e de todos me motivou bastante neste fim de temporada, e garra é o que não nos falta para mais uma sequência de trabalhos.
Passado esse tempo de adaptação, sei que agora posso voltar a garimpar informações interessantes para compartilhar com vocês aqui nesse espaço. Como sempre, o objetivo aqui é informar e entreter, já que também costumamos postar informações culturais, ou sobre curiosidades e derivados.
Continuarei com o compromisso de não afetar e nem denegrir a imagem de ninguém. Apenas relatarei os fatos, com base em informações oficiais. Caso sejam feitas denúncias ou informações extraoficiais as fontes serão preservadas.

Em última instância o espaço também serve para que meu trabalho seja postado. Aqui compartilho minhas Crônicas e faço meus artigos de opinião, para que mostre a vocês a minha visão sobre alguns fatos. Estou feliz com essa nova fase e motivado com o retorno do blog. Um abraço a todos que sempre estão compartilhando meus links e me elogiando pelo trabalho. Juntos com certeza esse blog terá mais força e irá completar os meios de informação da sociedade. Um abraço!!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Ex-jogador do Voltaço é decapitado no Rio

O ex-jogador de futebol João Rodrigo, de 35 anos, que disputou duas temporadas pelo Volta Redonda, foi assassinado na madrugada desta terça-feira em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O crime foi praticado com requintes de crueldade. Ele foi decapitado e sua cabeça foi deixada dentro de uma mochila na porta da casa em que morava com a esposa, uma policial militar lotada na Unidade de Polícia Pacificadora de São Carlos, também Zona Norte da cidade.

O crime teve grande repercussão no Rio, mas o que quase ninguém sabia é que João Rodrigo Silva Santos, atualmente proprietário de uma loja de produtos naturais, atuou em vários times de futebol do estado, entre eles o Voltaço. João Rodrigo jogou também, entre outros times, pelo Bangu, Madureira, Botafogo (DF) e em equipes da Suécia e de Honduras.

João começou a carreira nos juvenis do Bangu, aos 16 anos. Entra idas e vindas permaneceu no clube de 1996 a 2005. Em 1998 foi emprestado ao Olimpia, de Honduras, retornando em 1999. Foi o artilheiro do time alvirrubro no Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão de 2000, salvando o Bangu em diversas partidas, inclusive no duelo das oitavas-de-final contra o São Raimundo (AM).

Em 2003 foi emprestado novamente, indo jogar no Oster, da Suécia. Em 2004 foi vendido para o Madureira, mas logo no ano seguinte retornou ao Bangu por empréstimo. Ele ainda jogou no Remo, no Tigres, no Duque de Caxias, no Olaria e no Bonsucesso. Em nota, a diretoria do Volta Redonda lamentou a morte do ex-jogador.

No Voltaço, o ex-atacante foi o artilheiro do time que sagrou-se campeão da Série B do Estadual em 2004. Em 2006, ele voltou ao clube disputando o Campeonato Estadual e a Copa do Brasil.

CRUELDADE – Um amigo revelou que João não tinha inimigos, mas que sua loja havia sido assaltada há pouco tempo. Um cunhado revelou que testemunhas viram homens levando o ex-jogador em seu próprio carro. Ele contou ainda que quem viu a cabeça de João disse que ele estava sem os olhos e sem a língua.


Depois de esperar João durante toda a madrugada, a mulher, com quem ele era casado há 11 anos, encontrou a cabeça por volta das 6 horas. ApPolícia ainda não tem informações de qual seria motivação do crime, mas as primeiras informações coletadas por policiais do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM) indicam que João teria sido assassinado por traficantes das favelas Minha Deusa, Vila Vintém ou Curral. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil está investigando o caso.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

TV Americana mostra realidade do tráfico nos morros cariocas



O repórter Dan Harris, do programa "Nightline", da TV americana ABC News, fez uma série de reportagens sobre o tráfico de drogas em favelas do Rio, que mostram a livre circulação de crianças em bocas de fumo e uma tenda com venda de drogas em papelotes de várias cores, de acordo com o produto. Numa das histórias, o repórter Dan Harris entrevistou o chefe do tráfico de uma favela, armado e cheio de joias de ouro. Ele se assustou quando o bandido ironicamente, para mostrar o seu poder, disparou “E se eu decidir te matar ou te sequestrar agora? Quem tá podendo? Eu ou você? Essa série da TV Americana é uma das maiores reportagens em favelas, desde que Tim Lopes foi preso, julgado e condenado à morte por traficantes, em junho de 2002.