Total de visualizações de página

domingo, 18 de dezembro de 2011

O ANDARILHO



Ele era pequeno. Parecia tão frágil. Jamais imaginei que aquele menininho fosse mudar a vida de tantas pessoas. Um andarilho como eu havia presenciado muitos nascimentos. E por muitas vezes, quando servia aos reis, eu projetava o futuro das crianças do reino: aquele será um poderoso faraó. Aquela será uma rainha muito poderosa. E também, nas minhas andanças pelas vilas, eu costumava projetar o futuro das crianças que se misturavam às criações: aquele garotinho esmirradinho ali será um homem muito infeliz, criará porcos e não terá um amor. Aquela menininha lá, com seus cabelos sebosos, será entregue aos homens de má índole e se despurificará. Só que naquela noite, em que vi aquele menininho pobre nascer, num estábulo, perto de animais e rodeado por aquele casal assustado, eu não consegui definir o que Ele seria. Por algum motivo que desconheço, minha pulsação acelerou e minha curiosidade foi bloqueada. Eu estava repousando num casebre abandonado por que havia andado muito naquele dia. E também havia visto muitos pequenos sangrarem nas mãos dos soldados romanos. Estava sem cabeça para qualquer esforço a mais. Só que aquele casal assustado, naquele estábulo, despertou-me do sono. E logo após o nascimento do pequeno, um brilho imenso, havia se acomodado em cima daquele local. Era uma estrela. Eu sei que era. Seu brilho era inconfundível e fazia um contraste imenso com todo o vazio do local. A criança era tão humilde e repousava tão serena naquela manjedoura. Seria bom se os reis da época estivessem ali para observarem que, mesmo num lugar tão incomodo, aquele bebê era feliz. Por muitas vezes eu presenciei os reis e suas mulheres reclamarem da vida, e desperdiçarem coisas que, para aquele garotinho, seriam  úteis. Poucas horas depois eu vi três homens se aproximarem. Ao passarem pelo casebre onde eu estava, percebi que eles carregavam embrulhos. Sai de mansinho e abordei os homens que, assim como eu, carregavam traços de uma vida longa na caminhada. Eles me disseram que aqueles embrulhos eram presentes para o “salvador”. E foram depressa para o estábulo, onde cumprimentaram o casal e presentearam o pequeno. Sem entender do que se tratava eu, envergonhado pela minha ignorância, e também por não ter nenhum presente, decidi prosseguir com a minha caminhada. No caminho de volta para as vilas deparei-me com mais massacres. Famílias chorando e soldados impiedosos perfurando as crianças as quais eu havia projetado um futuro miserável. Um deles chegou até mim e perguntou de onde eu vinha. Respondi que vinha de um lugar deserto e abandonado e eles perguntaram se eu havia visto alguma criança pelo caminho. Lembrei do pequenino que repousava no estábulo. Só que jamais teria a coragem de deixar que aqueles soldados acabassem com aquela vida. Então menti. Disse que de onde eu vinha não havia vida nenhuma. Eles me deixaram passar e fui embora. Sabe, nunca mais eu vi aquele casal e aquele pequenino, mas tenho certeza de que ele está vivo pois, um dia, passando pelo mesmo estábulo, numa noite fria, aproximei daquela manjedoura, que já estava toda desajeitada. Um pequeno brilho me chamou a atenção e quando me aproximei, um homem simples estava sentado com a criação e me disse: Obrigado por ajudar Meu Filho em Sua missão. Deixa-lo vivo é o maior presente que Ele pode receber.
Que nesse natal possamos também deixar o mestre Jesus vivo em nossos corações. Feliz Natal e um próspero Ano Novo.
Johnata Augusto Rodrigues Amado de Carvalho 

Nenhum comentário:

Postar um comentário